segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Quarto Chinês

Mais um entrada para o Dicionário de AA.

Quarto Chinês (o Argumento do)
O argumento do quarto chinês, avançado por John Searle em 1980 num artigo intitulado “Minds, Brains and Programs”, pretende mostrar que a implementação de um programa de computador não é por si só suficiente para a instanciação, por parte dos computadores, de estados mentais genuínos. Searle ataca assim uma tese que considera central no projecto de investigação que denomina de Inteligência Artificial forte: Que um computador adequadamente programado tem estados cognitivos genuínos. Para refutar esta tese, Searle elabora uma experiência mental com o objectivo de mostrar um computador adequadamente programado a executar o seu programa (a implementar o seu programa) e no entanto não há qualquer cognição relevante.
Imagine-se que existe um programa para falar chinês que o faça tão bem como qualquer falante nativo de chinês e portanto indistinguível destes nesta habilidade (Que passasse então o Teste de Turing para falar chinês). Imagine-se, que um de nós que não saiba falar chinês esta fechado num quarto, onde há caixas com símbolos chineses, um grande livro em português, onde está escrito o programa de computador para falar chinês, e uma entrada no quarto, para os inputs e outputs. Nós, fechados no quarto, estamos a executar o programa de computador; de vez em quando são introduzidos no quarto uma série de símbolos, as perguntas feitas pelos falantes de chinês fora do quarto. Ao recebe-las consultamos o grande livro, o programa, e pegando em outros tantos símbolos, fazemos as respostas chegar lá fora. Para as pessoas fora do quarto, como estamos a implementar o fantástico programa que fala chinês, somos de facto indistinguíveis de um falante nativo, mas nós dentro do quarto não entendemos uma palavra de chinês, e segundo Searle, mesmo de pois de correr o programa, continuamos sem perceber uma palavra. Mas, pergunta-se Searle, se nós dentro do quarto não temos qualquer compreensão de chinês, como pode um computador a implementar o mesmo programa compreender chinês? Afinal não há nada que o computador tenha que eu não tenha; é mais do mesmo, mas mais rápido.
Nas últimas três décadas este foi talvez o argumento filosófico mais debatidos nas ciências cognitivas, visto pôr em causa a teoria computacional da mente e o projecto da inteligência artificial forte.

Sem comentários: